“Aprender dá prazer” não é apenas uma frase motivacional, mas um fato comprovado pela neurociência. Quando aprendemos algo novo, nosso cérebro libera uma série de neurotransmissores, substâncias químicas que transmitem sinais entre as células nervosas, gerando sensações de prazer e recompensa. Por isso, continue a leitura para entender melhor como isso funciona.
Aprender dá prazer: a dopamina, o neurotransmissor da recompensa
Um dos neurotransmissores mais importantes envolvidos no processo de aprendizado é a dopamina. Ela é frequentemente associada ao sistema de recompensa do cérebro e é liberada quando alcançamos uma meta ou aprendemos algo novo. A dopamina nos motiva a buscar novas experiências e a continuar aprendendo, criando um ciclo vicioso de prazer e satisfação.
Aprender dá prazer justamente porque fortalece as conexões entre os neurônios, um processo conhecido como plasticidade cerebral. Quanto mais aprendemos, mais nosso cérebro se adapta e cria novas sinapses, tornando-nos mais inteligentes e capazes de resolver problemas. Essa plasticidade cerebral é fundamental para o desenvolvimento cognitivo e emocional ao longo da vida.
Na sala de aula
Mas vamos sair da teoria e olhar para um exemplo prático. Certo dia, eu estava dando a primeira aula de canto para uma turma nova. Aturma era composta por 5 meninas entre 14 e 15 anos. Por se tratar da primeira aula, eu sempre gosto de deixar claras algumas coisas essenciais. Uma delas é: eu, como professor de canto, entendo algo sobre a saúde vocal, mas eu não sou médico. Portanto, posso ajudar os alunos com alguns desconfortos que eles possam sentir, mas meu conhecimento é limitado. Por isso, nessa primeira aula sempre falo para eles sobre o fonoaudiólogo (que também não é médico) e o otorrinolaringologista.
Pois bem. Primeiro eu expliquei o que significa “fonoaudiólogo”. Para isso, separei as três palavras: fono + áudio + logos e as expliquei. Depois, quando cheguei no otorrino, escrevi a palavra inteira no quadro e perguntei quem sabia o que esse médico trata. Após uns instantes de silêncio, cortei a palavra em seus pedaços oto|rrino|laringo|logista. Quando fiz isso no quadro, olhei de volta para as alunas e a reação de uma delas em especial me chamou muito a atenção. Seu rosto sério e atento se mudou em um sorriso satisfeito, enquanto levantava as sobrancelhas e abria mais os olhos… Aquela expressão de surpesa, sabe?
O que houve ali?
Aquele foi o momento em que “caiu a ficha” na inteligência daquela aluna. O momento do “Ah, entendi!”. Esse sorriso satisfeito que ela expressou foi por causa do que aconteceu no cérebro dela: ele liberou dopamina. Ao aprender o significado daquela palavra, ela sentiu prazer. E isso ocorre com todos nós quando vivenciamos esse “Ah, entendi!”.
O lamentável é que muitos de nós não têm a mínima ideia de que aprender dá prazer… O próprio processo de ensino na maioria de nossas escolas não é vivenciado de forma a encantar o aluno. Para muitos alunos, o turno que eles passam na escola é mais como um “período de abstinência”, algumas horas em que eles não podem fazer o que gostariam de estar fazendo (ou seja, brincar, assistir vídeos, fazer nada, dormir…). E isso mutila o processo de aprendizado deles. Mas o que fazer para melhorar isso? Esse assunto é longo. Aqui foi apenas um pensamento.
Como aprender melhor e com mais prazer
Para aproveitar ao máximo os benefícios do aprendizado, é importante criar um ambiente propício e adotar hábitos saudáveis. Portanto, aí vão algumas dicas:
- Estabeleça metas realistas: defina objetivos claros e alcançáveis para manter assim a motivação.
- Varie os métodos de aprendizado: utilize diferentes recursos, como livros, vídeos, jogos e aplicativos, para tornar o aprendizado mais divertido. Mas tome cuidado com os meios digitais. Não estou dizendo que eles não ajudam, mas que muitas vezes podem não prender suficientemente a atenção, ou ainda dispersá-la.
- Crie um ambiente de estudo agradável: escolha um local tranquilo e organizado para estudar.
- Faça pausas regulares: o cérebro precisa de tempo para processar as informações. Faça pausas curtas durante o estudo para descansar e se recompensar.
- Compartilhe seus conhecimentos: ensinar o que você aprendeu para outras pessoas é uma ótima forma de consolidar o conhecimento e fortalecer as conexões neurais.
Aprender é um processo natural e essencial para o desenvolvimento humano. Assim, ao entender a ciência por trás dessa necessidade, podemos aproveitar ao máximo os benefícios do aprendizado e viver uma vida mais feliz e realizada. E você? Já sabia disso? Vamos conversar.